THAIS YOGA
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25 de setembro de 2014
Momento auspicioso! Happy Navaratri!!!
19 de setembro de 2014
Sobre ISHVARA PRANIDHANA
Ishvara Pranidhana é entendido como à entrega à Ishvara (ao Divino/princípio superior). Nidhana significa depositar, e pra quer dizer diante e Ishvara é o Senhor, ou seja, “depositar diante do Senhor” todas as ações e assim alcançar o samadhi. Em outras palavras, significa fazer o que precisa ser feito e renunciar os frutos da ação, agir sem egoísmo, sem expectativas, sem se apegar ao resultado da ação. Refere-se a prática da auto-entrega do homem a sua essência/self/si mesmo, mas pode referir-se ainda á autoentrega ao guru, à orientação de um ser autorealizado, que já atingiu samadhi.
No Yoga Sutra II-45 de Pantajali (HENRIQUES, 1984, p. 184) está escrito:
“SAMADHI-SIDDHIR ISHVARA-PRANIDHANAT”
“Pela entrega a Deus surge o samadhi”.
Recordando o que foi dito durante nossas aulas, os Yamas e Nyamas representam os dois primeiros passos do Ashtanga Yoga de Patanjali e compõem a base ética do yoga. São princípios que buscam tornar-se um alicerce na vida do yogi, uma base para a aquisição de um estado mental superior. Buscam ajuda-lo a atingir uma consciência ampliada que o leve para além da simples identificação com o corpo.
Namaste!
Thais
18 de setembro de 2014
Sobre SVADHYAYA
Svadhyaya tem duplo sentido, significa tanto o autoestudo, como o estudo dos textos sagrados. Sendo assim, no caminho do yoga, Svadhyaya representa por um lado o estudo dos Vedas, Upanishads e outras escrituras clássicas, como também uma busca intelectual pelo verdadeiro eu. Refere-se assim a combinação de meditar nos ensinamentos dos mestres e textos sagrados, juntamente com a auto-observação, porque o que se busca não é apenas o conhecimento, mas o autoconhecimento. Svadhyaya ressalta a importância da intelectualidade, e do estudo no caminho do autoconhecimento e aponta para a combinação de conhecimento, reflexão e meditação.
No Yoga Sutra II-44 de Pantajali (HENRIQUES, 1984, p. 183) está escrito:
“SVADHYAYAD ISHTA-DEVATA-SAMPARAYOGAH”
“Do auto-estudo provém a união com a divindade desejada”.
Namaste!
Thais
17 de setembro de 2014
TAPAS
Tapas significa autoesforço, austeridade, disciplina, perseverança. A palavra origina-se de tap que significa “aquecer-se”, arder, esforçar-se. Diz-se que Tapas vem da vontade de superar limitações físicas, emocionais ou mentais, através de esforços como jejuar, meditar ou guardar silêncio por longos períodos, por exemplo. É um esforço sobre si mesmo, purificando e fortalecendo o ser, aguçando os sentidos, e conduzindo ao encontro com o ser. Representa o esforço com uma meta clara, superando os obstáculos que se apresentam no caminho. Pode ser compreendido, também, como dedicação, determinação e sacrifício positivo que todo sério praticante de yoga deve desenvolver. No Yoga Sutra II-43 de Pantajali (Henriques, 1984, p. 182) está escrito:
“KÁYENDRIYA-SIDDHIR ASHUDDHI-KSHAYÁT TAPASAH”
“O autoesforço (austeridade) produz a destruição das impurezas e a consequente perfeição do corpo e dos sentidos”.
Namaste!
Thais
16 de setembro de 2014
SAMTOSHA
Samtosha: significa contentamento; Segundo Yogananda, todo homem tem em si a alegria. Samtosha surge como algo espontâneo, como conseqüência do progresso no Yoga. Não é a alegria proveniente dos desejos satisfeitos, é um deleite do ser consigo mesmo, que surge a partir do desapego dos frutos da ação e de uma indiferença, em relação às circunstâncias. De acordo com Henriques (1984, p.181), “Possui samtosha aquele que mantém seu ritmo e alegria interior num ambiente de guerra ou de paz, num clima de chuva ou sol”. É uma alegria que não se desfaz em função das circunstâncias. Viver Samtosha é dar valor ao que temos e não focar naquilo que falta, possibilita perceber as coisas como elas realmente são, desenvolvendo assim a autoconsciência, a alegria e a gratidão.
No Yoga Sutra II-42 de Pantajali está escrito:
“SAMTOSHAD ANUTTAMAH SUKHA-LABHAH”
“Do contentamento surge a superlativa felicidade”.
Namaste!
Thais
15 de setembro de 2014
Sobre Saucha…
É o primeiro dos Nyamas (DEVERES/OBRIGAÇÕES).
SAUCHA refere-se a pureza, limpeza, purificação. Refere-se tanto a limpeza interior quanto exterior, pureza no coração, na mente e no corpo, pureza em pensamento, palavra e ação.
A purificação do yogi inclui:
- alimentação saudável através do controle dos sentidos (alimentar-se com sabedoria e com alimentos ricos em prana);
- Kryas ou exercícios de purificação (como a lavagem dos olhos, da língua, das vias respiratórias, do aparelho digestivo, excretor, etc.);
- asanas, bandhas, mudras e pranayamas (que ajudam a eliminar as toxinas do corpo);
- higiene pessoal (banho, escovar os dentes, etc.);
- limpeza do ambiente em que se vive, etc.
Acredita-se que um organismo poluído por hábitos impróprios, gera comportamentos e pensamentos que dificultam a prática da meditação. Por exemplo, podemos intoxicar o corpo através daquilo que ingerimos e a mente através daquilo que lemos, vemos e ouvimos.
Com o que você tem alimentado?
Praticar saucha é então buscar atingir um estado de pureza, porque as impurezas atuam como um obstáculo à meditação. De acordo com as Upanishads, aquele cuja mente se torna pura, entra em contato consigo mesmo e é capaz de sentir uma alegria que não podemos descrever com palavras.
Ainda, em relação à prática de yoga, os mantras representam os exercícios de purificação das palavras e pensamentos. Praticar saucha significa buscar uma mente calma e limpa, tentando amenizar a ação de fatores externos e internos que nos intoxicam.
No Yoga Sutra II-41 de Patanjali está escrito:
“SATTVASHUDDHI- SAUMANASYAIKAGRYENDRIYA– JAYATMA-DARSHANA-YOGYATVANI CHA”
“Da pureza mental (surge) pureza de sattva, disposição ao contentamento, unidirecionalidade, controle dos sentidos e aptidão para a visão do eu”.
Namaste!
Thais
14 de setembro de 2014
Sobre Aparigraha…
Aparigraha significa não-cobiçar, não-possessividade, não-apego, e pode ser entendido como o abandono do sentimento de posse e da ansiedade envolvida na conquista e preservação dos bens materiais. É a busca por uma vida de simplicidade, o que não significa que seja contra posses, e sim contra o sentimento de posse e a escravidão aos bens materiais. A idéia é não desperdiçar o tempo buscando coisas supérfluas e viver com um consumo mínimo, porque administrar muitas posses cria vínculos que nos atam mental e materialmente, deixando-nos escravo dos objetos e compromissos. Nos dias de hoje, aparigraha pode ser compreendido como um estilo de vida que apoiado na sustentabilidade ambiental e no uso consciente do dinheiro, discernindo entre o desejo de consumo e a real necessidade. Além disso, praticar aparigraha é buscar a libertação também do sentimento de posse em relação a pessoas! Praticar o desapego!
Existe uma história que fala de um rei que vivia muito angustiado e descobriu que esta sensação vinha da sua forte ligação com os bens materiais, do medo de perdê-los. O rei livrou-se então dos bens, e saiu errante pelo mundo, feliz, apenas com a roupa do corpo. Certo dia, chegou perto de um lago, viu uma árvore caída e resolveu que iria ficar por ali. Passados alguns dias estava muito feliz com aquele local e entrou para nadar no lago. De repente, viu um viajante sentar-se sobre o tronco da árvore. Saiu da água correndo, e furioso disse: “este tronco é meu, saia já daí!”
Nem sempre o caminho para uma vida de simplicidade nos conduz ao desapego, e sim o entendimento que podemos usufruir de tudo, sem nos apegar a nada!
No Yoga Sutra II-39 de Pantajali está escrito “APARIGRAHA- STHAIRYE JANMA – KATHAMTA-SAMBODHAH”:
“Quando ele (o yogi) se estabelece na não possessividade, adquire o conhecimento do porquê do nascimento”.
Namaste!
Thais
13 de setembro de 2014
Finalização do Curso de Formação em DCS!!!
Boa noite!
Terça-feira passada, dia 09/09/2014 finalizei o Curso de Formação em Danças Circulares Sagradas com a maravilhosa focalizadora e mestra Renata Ramos.
Iniciei o curso através do Módulo de Iniciantes , direcionado para pessoas que, como eu, não tinham experiência em DCS anteriormente. Era um grupo bem grande e heterogêneo e dançamos muito durante todo aquele sábado, dia 08 de fevereiro de 2014, dia em que fiz 40 anos!
Poderia eu querer melhor presente que comemorar meus 40 anos dançando o dia todo???!!!
Em março, se formou o grupo que faria a Formação em Danças Circulares Sagradas (DCS) e éramos 20 mulheres! Vinte mulheres bem diferentes, com histórias de vida diversas, diferentes profissões, mas com uma mesma paixão: a dança!
Todas nós, dispostas a nos encontramos um final de semana por mês, durante 7 meses, e sermos guiadas pela mestra Renata Ramos nesse caminho pelo mundo das DCS!
Acredito que nenhuma de nós imaginava o que nos esperava de verdade!
De fevereiro para cá foram 7 meses de muita dança e descobertas, de leituras e exploração do corpo, do ritmo, de si, momentos de alegria e fortes emoções, de aprendizado e do nascimento de novas amizades, de muita musica boa e de conexão com o sagrado, de aventura e reflexão profunda, de aceitação e auto-superação, e de muita gratidão e crescimento!
Aprendi mais sobre eu mesma, sobre o outro e sobre o grupo. Percorri a história das Danças Circulares e fui apresentada a tantos mestres e coreógrafos incríveis! Trabalhei meu ritmo interno, o ritmo do outro, o ritmo do grupo e até me arrisquei numa roda de tambores…
Dançamos os Florais de Bach, aprendemos sobre numerologia, autoconhecimento e muita cooperação, e dançamos muitas musicas tradicionais e contemporâneas. Viajamos pelo mundo, pela história e pelo tempo através de tantas danças…
Foram muitas conversas e trocas, e-mails e mensagens no face, e muitos almoços deliciosos juntas…
Terminamos o curso em 18 mulheres… e a Renata:
Irmãs unidas pela força e pelo encantamento das Danças Circulares Sagradas e pelo respeito e exemplo de pessoa que a Renata Ramos é!
Para finalizar o curso, ao invés de um simples final de semana, foram 5 dias de imersão juntas no mundo da danças, imersão que aconteceu num lindo sítio aqui mesmo em São Paulo.
Foram cinco dias nos quais, apesar de eu não poder dançar fisicamente nenhuma dança por estar imobilizada, dancei muito com os olhos e com o meu coração! Ah! E como dancei…
Em alguns momentos, me senti sim muito triste por não poder dançar, por ter dor, mas também me senti extremamente amada e acolhida por todas e feliz de estra lá!
E, …, eu não poderia deixar de registrar, nesse blog que me acompanha em tantas viagens e reflexões, este momento tão singular: essa viagem simbólica pelo mundo através das DCS!!!
E, pelo o que eu sinto, as danças circulares renderão ainda muitas descobertas , viagens e reflexões, como esta postagem, que hoje dá origem à um novo marcados no meu blog!
Chegou a hora de finalizar esta postagem e agradecer, e a gratidão é infinita :
- ao SESC pela oportunidade ,
- à Janaina por ter me apresentado o mundo das DCS e plantado uma sementinha,
- à mestra Renata Ramos pelo exemplo de pessoa que é e pela seriedade e amor com que ensina as DCS,
- e à cada uma das minhas irmãs circulares: Dê, Ana Flores, Kátia, Kitty, Liz, Mariana, Wal, Gi, Lú, Luci, Sandra, Lucia, Suely, Maura, Patty, Elfriede e Gina!
Espero estarmos para sempre unidas pela cola universal!!! :)
Namaste!
Thais
Sobre Brahmacharya e etc…
Bom dia queridos alunos!!!
Estou devendo vários textos pra vocês, me perdoem?!
A partir de hoje vou tentar publicar um texto por dia sobre os yamas e nyamas! Alguns deles, já conversamos em sala, outros ainda não, mas será uma forma de estar perto de vocês, mesmo distante fisicamente!
Lembrem-se que meus textos tem a ver com meus estudos, e minhas experiências e é possível que vocês encontrem informações divergentes por ai, ok?
Não quero estar certa, mas apenas compartilhar com vocês aquilo que aprendi e que fez sentido para mim! Se quiserem me escrevam!
Sobre Brahmacharya:
Esta palavra é composta da raiz "char", que significa mover-se, e a palavra Brahma que significa verdade essencial, e corresponde ao aspecto da trindade hindu responsável pela criação. Podemos entender brahmacharya como um movimento em direção ao essencial, “viver no caminho de Brahma”, com o reconhecimento de que nossa energia de vida é preciosa, e que devemos conservá-la e canalizá-la para nossa jornada de autoconhecimento. É também usado em termos de abstinência sexual (voto de castidade), e nos tempos mais atuais entendemos como o não desvirtuamento da sexualidade, ou seja, o controle da sexualidade desenfreada. Em ambos os casos pretende-se controlar os desejos e não ser controlado por estes, pelos prazeres sensoriais. Busca-se a conservação da energia, para aumentar o potencial energético do yogui, sua vitalidade e sua capacidade de concentração mental. Mais do que a suspensão do sexo, sugere o controle sexual: o domínio deste sentido, e o controle de todos os sentidos. Isso torna o praticante vitalizado, forte e saudável.
Praticar Brahmacharya numa aula de Yoga poderia significar aprender gerar mais energia do que gastar, aprendendo a relaxar os músculos que não são necessários para manter as posturas, utilizando somente aqueles que sustentam os alinhamentos corporais adequados para que a energia vital possa se expandir.
No Yoga Sutra II-38 de Pantajali está escrito:
BRAHMACHARYA- PRATISHTHAYAM VIRYA-LABHAH
“Estando (o yogui) firmemente estabelecido na continência sexual, o vigor é adquirido”.
Namaste
Thais
1 de setembro de 2014
3 de julho de 2014
Indicação de um livro fantástico sobre o Caminho!
Bom dia!!!
Quando eu escrevi na última postagem sobre o Caminho de Santiago que embora o Caminho tivesse acabado, ele nunca terminaria, me referia não só a memória viva e cotidiana do Caminho na minha vida, no meu dia a dia, mas também, me referia as lições que o Caminho me trouxe e continua me trazendo, em cada passo da minha jornada na vida.
Embora pretendesse terminar as postagens sobre o Caminho na postagem anterior, não podia deixar de escrever no blog sobre a experiência fantástica que tive ao ler a narrativa do meu irmão peregrino Mauricio Gehlen (que tive o prazer de conhecer no Caminho!).
Ele publicou um livro e preciso confessar que fiquei muito emocionada com a história dele, com sua determinação na vida e com seu olhar afetuoso e generoso sobre sua experiência de caminhar os 819km do Caminho! Seu livro, “Lições de Compostela”, é um presente, uma lição de vida!
Quem viajou comigo para Compostela pelas páginas deste blog com certeza, apreciará muito viajar também com Mauricio pelas paginas do seu livro! E se prepare porque é uma viagem pelo mundo das ideias, mas também pelo mundo das imagens! Além da emocionante história, eles nos presenteia com imagens belíssimas deste Caminho de fé, fraternidade e coragem!!! As imagens são de uma generosidade sem fim! Uma obra de arte do Caminho!
Parabéns Mauricio, hermano del camino, pelo livro maravilhoso!!!
Gratidão e Buen Camino!!!
Thais
Sobre Asteya (não roubar)
Steya significa roubar, asteya é o oposto, ou seja, não roubar, ou ainda, não cobiçar ou invejar bens ou conquistas do outro. Significa que não devemos pegar nada que não nos pertence, ou tirar vantagem de quem nos confia algo. Diz a filosofia que observar asteya faz com que obtenhamos sem esforço, tesouros de todo tipo.
Mas não é apenas isso! Pretende eliminar totalmente o impulso de roubar ou apoderar-se não só de objetos, como também de ideias, de pessoas, do tempo das pessoas, não invadindo o espaço do outro. Além disso, deve-se obter e usar somente o necessário, evitando o supérfluo, porque qualquer tipo de acúmulo é considerado roubo. Gandhi dizia que “Todo aquele que possui coisas que não precisa é um ladrão”. Daí a sugestão do yoga de se viver de acordo com uma ética de simplicidade (com apenas o necessário). Na prática de asanas significa não economizar na realização das posturas, com medo, por exemplo, de que não haja energia suficiente para executá-la, porque cada postura fornece a energia necessária para si mesma, e nós, apenas precisamos nos entregar para a prática.
Devemos estar atentos a asteya para nos libertar da “crise da escassez” (eu não tenho, eu não consigo, etc...), o que acaba por gerar um sentimento de falta de abundância. De acordo com yoga, devemos acreditar na abundância, na plenitude e assim criá-las na nossa vida! No Yoga Sutra II-37 de Pantajali (Henriques, 1990) está escrito:
“Estando (o yogui) firmemente estabelecido na honestidade, todas as espécies de gemas (tesouros) apresentam-se”.
Namaste!
Thais
19 de junho de 2014
Me despedindo do Caminho de Santiago…
Olá!!!
Foram quase 30 dias caminhando e quase 9 meses escrevendo sobre tais dias na Espanha! Que aventura foi essa a nossa, né!
Nem tudo que foi vivido foi contado. Primeiro porque nem tudo que vivemos pode ser traduzido em palavras, mas também porque embora o Caminho acabe, ele nunca termina…
Como conseguiria eu escrever sobre tudo então?
De qualquer maneira, espero que eu tenha conseguido compartilhar um pouco da experiência maravilhosa que foi percorrer os passos de Santiago rumo à Compostela. Não tentei transformar o Caminho nem em mais e nem em menos do que ele realmente foi para mim! Tentei mostrar minha verdade sobre ele, com minhas dores e minhas alegrias, com minhas duvidas e minhas sensações ao caminhar os 819km que ligam Saint Jean Pied du Port à Santiago de Compostela!
E antes de mais nada, gostaria de agradecer a companhia de todos vocês! Dos amigos peregrinos que fiz no caminho: Ronaldo (EUA), Ursula (Alemanha), Krasimir (Bulgária), David (Alemanha), Tsubasa (Japão), Livia (Hungria), Taylor (EUA), Luca (Itália), Jesus, Marta e Jordi (Espanha), e de todos brasileiros: Wag, Graciela e Eder, Mauricio, David e Sonia, Andréa, Teo, Gustavo, Arunas, Américo, Atila, Sergio, Cristina, Inácio e Célia, Tania, Elias, Hildeberto, etc. Aprendi muito com cada um de vocês e todos nós, formamos uma grande família lá que se mantem unida apesar da distancia física! Los hermanos del camino!!! Gratidão!!! E também de agradecer a todos leitores do blog e amigos que fizeram o Caminho acompanhando as postagens, comentando-as, me fazendo perguntas, acolhendo cada novo dia, cada nova história! Contar sobre o Caminho só fez sentido porque vocês estavam caminhando comigo! Gratidão!!!
E, para finalizar as postagens sobre o Caminho, tenho algumas sugestões objetivas e subjetivas para futuros peregrinos. Peço ainda que meus amigos peregrinos, que fizeram este caminho comigo ou que já fizeram o Caminho em outra ocasião, sintam-se convidados a darem suas opiniões, deixando um comentário nessa postagem (porque nem todos leitores tem facebook, ok?!). Tudo que puder ajudar um novo peregrino é muito bem vindo! E aqui estão algumas das minhas sugestões:
- Vá com tempo para caminhar no ritmo do seu coração e não num ritmo imposto pela mente, por cronogramas externos ou obrigações temporais! Não programe tudo, sinta o Caminho e caminhe em sintonia com teu corpo e com tua alma!
- Se não tiver tempo suficiente para fazer o Caminho todo, vá fazendo em partes, ou comece mais adiante, mas não apresse os passos e nem deixe de fazer porque não tem os mesmo 30 dias que eu tive para caminhar! Caminhe 10 dias, mas caminhe! É inesquecível!
- Se puder, se prepare bem fisicamente para sentir menos dores no Caminho! São muitos quilômetros de caminhada por dia portanto é esperado que haja dor, mas com bom preparo físico a dor pode ser amenizada!
- Faça caminhadas longas com a mochila que você vai levar, e também com as roupas, meias e calçado!
- leve na mochila apenas o essencial, respeitar a orientação de carregar no máximo 10% do seu próprio peso na mochila é altamente recomendável!
- Leve um guia leve sobre o Caminho!
- se possível invista em botas ou tênis confortáveis e seguros ou vá com um tênis que você esteja habituado a andar muito! Andar com bolhas realmente incomoda, se puder evita-las é melhor, se não puder, tem um remédio na Espanha que parece um band aid siliconado (não lembro o nome, mas todo mundo conhece) e é muito útil, mas é caro!
- não tenha vergonha de usar os sticks ou cajados! Eles são muito uteis. Pode até compra-los por lá mesmo porque são mais baratos!
- esteja aberto ao novo!
- fique atento aos sinais!
- se pretende caminhar de manha bem cedo, leve uma lanterna de boa qualidade. Se puder uma daquelas que a gente coloca na cabeça (headlamp) e deixam suas mãos livres para os sticks ou cajados!
- leve um pequeno caderno e tire um tempo todo dia para anotar coisas sobre o seu dia no Caminho. É muito legal reler as anotações depois!
- aprenda um pouco de espanhol, de inglês, ou de outras línguas para se comunicar melhor com os peregrinos do mundo que você encontrará no Caminho! Vale a pena!
- Tente aceitar tua dor e tenha certeza que em algum momento ela irá embora!
- Caminhe em silêncio, caminhe sozinho, caminhe em grupo, caminhe conversando, caminhe ouvindo musica, caminhe cantando, caminhe de todas as maneiras possíveis! Não há regras externas, abandone ideias pré-concebidas! conecte-se consigo mesmo e faça o seu caminho! Cada caminho é único, mas no final você descobrirá que o caminho é um só…
Somos todos peregrinos nessa vida!!!
Buen Camino!!!
Namaste
Thais
Reflexão do dia...
O Monge e a Vaca
Um monge e seu discípulo seguiam caminho pela montanha, em direção a um mosteiro onde permaneceriam por um ano. Com a aproximação da noite, procuraram um lugar onde pudessem pernoitar. Logo adiante avistaram uma casinha isolada, simples e rústica, onde morava uma família muito pobre. O monge pediu à família um quarto onde pudessem dormir e seguir viagem na manhã seguinte.
O dono da casa, muito solícito, ofereceu um pequeno quarto disponível, mas se desculpou por não ter cama nem nenhum tipo de conforto. Era apenas um chão forrado de palha. O monge disse que só aquilo já estava ótimo. Na manhã seguinte foram tomar o desjejum. À mesa havia apenas um pouco de leite, queijo e um mingau ralo. Novamente o dono casa se desculpou por não poder oferecer uma refeição melhor e o monge respondeu dizendo que, para eles, aquilo era um banquete. Enquanto comiam, o monge perguntou ao dono da casa:
– Neste lugar não há sinais de comércio ou trabalho. De onde vocês tiram seu sustento?
O dono da casa respondeu:
– Ah, temos aqui atrás da casa uma vaquinha milagrosa. Ela nos dá muito leite todos os dias e, com isso, conseguimos fazer queijo, coalhada e mingau. E dessa forma vamos sobrevivendo.
O monge agradeceu a hospitalidade e, junto com o discípulo, seguiram viagem. Haviam andado poucos metros quando o monge parou, deu meia-volta, contornou a casa e soltou a vaquinha do pasto. Levou-a até o precipício e, então, atirou o animal lá de cima. O discípulo, espantado e revoltado com o mestre, exclamou que ele havia acabado com a única fonte de sustento da família que os hospedaram tão gentilmente. O mestre não disse mais nada e, em silêncio, rumaram para o mosteiro.
Passado um ano, o monge e seu discípulo resolveram retornar à cidade e, para isso, teriam que percorrer o mesmo caminho por onde vieram. Descendo as encostas da montanha e com a noite se aproximando, resolveram procurar um lugar para passar a noite. Foram, então, em direção à casinha rústica da família que os hospedara antes. Chegando lá, viram que o lugar estava diferente. A casa da qual lembravam não existia mais. No lugar, um belo casarão, bem pintado e decorado despontava na paisagem, juntamente com diversas carroças e um agradável jardim.
Chamaram pelo dono da casa e este os veio receber. Era o mesmo homem de antes, porém estava mais bem nutrido, feliz e suas roupas não eram os trapos de antes. Acolheu os monges com um largo sorriso e ofereceu-lhes um quarto que, desta vez, era maior, mobiliado e com duas camas confortáveis. Pela manhã, no café, serviram suco, frutas, pães, queijos, ovos e outras guloseimas. Enquanto comiam, o monge perguntou ao dono da casa:
– Neste lugar não há sinais de comércio ou trabalho. De onde vocês tiram todo seu sustento?
O dono da casa respondeu:
– Ah, ocorreu uma tragédia conosco há um ano. Nossa vaquinha leiteira, única fonte de sustento da família, se soltou do pasto e caiu no precipício. Entramos em grande aflição e nos vimos obrigados a procurar outras formas de nos manter. Assim, aprendemos a plantar e cultivar diversas frutas e hortaliças, começamos a fazer produtos próprios e comercializá-los lá na cidade. Assim, graças à perda da nossa vaquinha, hoje temos uma vida muito melhor do que antes.
MORAL DA HISTÓRIA: Na maioria das vezes, nós não acreditamos em nossas capacidades. Nos acomodamos com a situação na qual nos encontramos. Porém, existem momentos que nós precisamos empurrar nossa vaquinha no barranco para alcançar o sucesso. Será que não esta na hora de você empurrar a sua vaquinha? Pense nisso!
Domínio público
16 de junho de 2014
Finisterra: final do Caminho???
Bom dia!!!
Cheguei na manhã do dia 28 de setembro de 2013 em Santiago de Compostela. Minha intenção inicial (quando ainda estava no início do Caminho), era ficar um dia em Santiago para descansar e caminhar mais 100km até Finisterra para devolver minha concha de peregrina ao mar.
Apesar do Caminho na prática acabar em Santiago de Compostela, existe uma lenda que a concha, símbolo do peregrino, e que o acompanha durante toda a peregrinação, deveria ser devolvida ao mar no final da jornada, como o símbolo de um último ato de desapego.
Entretanto, para fazer isso, eu precisaria de pelo menos 4 dias, para caminhar com tranquilidade, uma média de 25km por dia, e mais dois dias para voltar a Santiago e de lá para Madrid para pegar meu voo de volta ao Brasil. E eu não tinha tantos dias assim! Além disso, o clima estava realmente ruim na Galícia: chuva e frio! O que fazer? Queria muito ir devolver minha concha ao mar!!!
Gustavo e Wagner também tinham a intenção de ir até lá, então nós 3 alugamos um carro (e que carro!) para ir a Finisterra. Um luxo na vida de um pobre peregrino!!! hahaha
…e fomos nós três até o Finisterra, ou seria mesmo, até o final da terra???
Chegamos lá à tardinha do dia 30 de setembro, e um nevoeiro pitoresco encobria toda paisagem! Dava pra ouvir o vento forte que parecia assoviar, dava para ouvir o som do mar e das ondas batendo nas pedras, mas não dava pra ver nada, apenas alguns peregrinos, as pedras sob nossas botas… e a luz do farol!
Alguns peregrinos, além de jogarem a concha ao mar, também queimam suas roupas de peregrinação…
E, embora não desse para ver quase nada, dava para sentir tudo… energia indescritível!
Meditei, agradeci e quando o nevoeiro diminui um pouco e deu para ver o mar, aproveitei e me despedi da minha concha…
Leve, livre, grata…
Cada um de nós jogou sua própria concha, eu acho. Não me lembro!
Apesar de termos ido juntos foi um momento muito pessoal….
Depois deste momento de solitude, nos reunimos para jogar a concha de Arunas. Ele não pode ir até Finisterra conosco, mas pediu que levássemos a concha dele. Wagner fez um pequeno vídeo do momento para Arunas que dá pra ter uma ideia do vento e do lugar:
Dormimos em Finisterra e na manhã seguinte tomamos café da manhã à beira mar…
… e seguimos até Muxia, outro local de extrema beleza e de energia muita forte. Quem assistiu o filme “O Caminho/ The Way” vai reconhecer o local pelas fotos! Nesse dia, o tempo abriu e pudemos tirar lindas fotos desse lugar incrível!!!
O Caminho simbolicamente terminou no mar, em Finisterra, em Muxia, …, mas, se vocês, após 60 postagens juntos, ainda tiverem folego de caminhar comigo, gostaria da companhia de vocês num último post, numa breve reflexão sobre todo esse Caminho, topam? Não farei tal reflexão agora porque esta postagem já está longa demais, mas pretendo escrever em breve…
De qualquer forma, queria desde já agradecer pela companhia de vocês!!! Fiz o Caminho duas vezes: uma ao faze-lo fisicamente e outra ao escrever sobre ele e ter a companhia de vocês comigo!
Sintam-se a vontade para postar comentários! Vou adorar saber como foi a experiência para você leitor de caminhar comigo e chegar à Santiago!
Gratidão! Namaste!
Thais