4 de novembro de 2013

Caminho (parte XX): hora de seguir…

Bom dia!

Já que naquela noite eu não consegui dormir, levantei cedo, arrumei minhas coisas, escrevi um bilhete de despedida para meus amigos que  ainda dormiam e parti.

E vocês querem saber como eu finalmente decidi que deveria partir?Acredito que foi uma mistura de lógica com intuição. Eu tinha uma inclinação a ir e pensei que embora eu já soubesse como era caminhar com eles, não sabia como seria caminhar sozinha (que era minha ideia inicial) e só saberia se experimenta-se! Queria escrever que decidi pelo coração, mas não sei se foi o caso. De qualquer maneira, creio que fiz o que tinha que ser feito, o que era necessário para aprender as coisas que eu precisava aprender, pra viver as coisas que precisava viver… e vivi! Parti!

Mas antes de seguir pelo Caminho, dei uma passeada por Burgos, tirei umas fotos, fui carimbar minha credencial de peregrina no albergue municipal, tomei café da manhã e só depois segui. Infelizmente não tive a oportunidade de conhecer a catedral por dentro, pois estava fechada naquele horário. Terei que voltar lá! rs

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E o caminho naquele dia foi lindo, silencioso e repleto de borboletas, o que para mim significou um sinal de que eu tinha tomado a decisão certa! Por que eu pensei isso?

Porque antes de viajar eu tinha escolhido que o símbolo da viagem era a borboleta: símbolo de transformação,  representando um momento de passagem ( a chegada aos 40 anos, por exemplo)  e um ritual de deixar para trás tudo aquilo que me impedia de “voar” ( como a tendinite no quadril). E, como disse, caminhei o dia todo sozinha, quase não encontrei peregrinos, mas fui acompanhada por pequenas borboletas que voaram ao lado do caminho. Tentei fotografa-las algumas vezes, mas não consegui…

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Atravessei algumas pequenas cidades, passei e fui ultrapassada por alguns poucos peregrinos e foi mesmo um dia de caminhada silenciosa.

Estava fisicamente me sentindo bem e ao chegar na placa que indicava que Hontanas estava á 5 km de onde eu estava, pensei em seguir até lá, o que completaria 31km naquele dia. Mas antes de prosseguir, eu precisava abastecer minhas garrafas de agua, porque o sol estava muito forte.

Resolvi desviar uns metros do caminho e ir até o albergue de Sanbol pegar agua. Mas, quando cheguei lá, foi impossível prosseguir e terminei meu dia de caminhada ali: 26km! O albergue de Sanbol é uma graça: muito pequeno e acolhedor. Fica no meio do nada e é feito todo em pedra com capacidade para 12 pessoas. Fica em um pequeno bosque com uma nascente de agua fresca e cristalina represada num pequeno tanque.

Naquela tarde, soprava uma brisa maravilhosa entre aquelas arvores e na porta do albergue estava um peregrino paranaense, o Mauricio, uma pessoa muito do bem, que estava fazendo o caminho acompanhado de outro  anjo paranaense, o David.

Apesar de, para meu ritmo de caminhada, ser cedo para parar, eu não tinha nem o que pensar: fiquei lá!

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E…, ter a oportunidade de ter dormido naquele albergue  e conhecer estes dois anjos do Brasil foi sensacional! Claro que sentia falta dos meus amigos, principalmente do gaúcho, mas eu precisava mesmo seguir meu caminho, e no final daquele dia, tive a certeza disso!

Além de tudo, o hospitaleiro que tomava conta do albergue, um cubano muito legal, foi muito gentil e me ofereceu o jantar de graça. Na verdade, quando fazíamos o check-in do albergue, ele perguntava se queríamos incluir o jantar, já que, como eu escrevi anteriormente, o albergue ficava no meio do nada. Mas claro que o cardápio do dia era para carnívoros (acho que era uma galinhada), e ele me disse que não tinha opção sem carne, como em grande parte dos restaurantes do caminho. Eu já estava acostumada a tai  dificuldade e tinha comigo algumas frutas e sementes que poderiam servir de jantar por um dia.

Entretanto, quando o hospitaleiro foi servir o jantar comunitário, naquela linda mesa do albergue, colocou uma prato de salada para mim,  e me chamou para comer com os demais. Comi salada, pão, vinho e sobremesa! E eu precisava mais do que isso??? Tentei pagar pelo jantar, mas ele não aceitou, paguei apenas pela sobremesa, que era um item, comprado a parte. Sinto não ter  tirado foto do jantar com eles.

Naquela tarde, conversei muito com meus novos amigos do Paraná e decidi começar o dia seguinte caminhando com eles, que iriam sair cedinho, as 6h da manhã (escuridão total). Depois que clareasse, eu pretendia seguir caminhando no meu ritmo até onde Deus quisesse…

Adormeci grata pelo dia que tive, pela paz interior e exterior, pela beleza do caminho, pela companhia das borboletas, pela simplicidade e conforto daquele albergue paradisíaco, pela comida recebida naquele jantar, e por conhecer pessoas tão queridas e do bem!

Namaste

Thais

2 comentários:

Unknown disse...

Tenho que ler os outros relatos. Adoro esse tipo de texto!

thais disse...

Que bom!
Seus comentários serão bem vindos!!!