Bom dia!!!
O sétimo dia no Caminho foi um dia de vários desafios. As fotos dizem o que eu nem sempre consigo transcrever em palavras…
O maior desafio foi o desafio físico pois saímos as 7h da manhã de Viana e chegamos as 18h em Nájera, ou seja, 11 horas de caminhada depois! Longa caminhada não planejada permeada por outros desafios…
Comecei o dia caminhando sozinha e cantarolando uma música dos Paralamas do Sucesso que eu não ouço a muito tempo, mas mesmo assim que não saía da minha cabeça naquele dia:
“Eu hoje joguei tanta coisa fora
E vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias, gente que foi embora.
A casa fica bem melhor assim…” (Tendo a Lua- Herbert Viana)
Cantei e chorei!
Que desafio deixar pessoas e situações irem embora…, mas como é bom deixa-las irem embora finalmente!
Alívio…
O dia foi intenso! Dia de muito sol, de procura por sombras, de muitos pensamentos… tudo intenso! Mas também, dia de caminhar ao lado das parreiras, de provar as uvas e as framboesas, de sentir o cheiro da lavanda, de ouvir o silêncio e de ouvir o outro!
Dia de apreciar a arquitetura, de atravessar pontes, de entrar em igrejas, de orar e de agradecer!
Dia de provar os mesmos sabores e também alguns dissabores. Dia de aprender a lidar com diferentes passos, de compartilhar, de confiar, de aceitar, de entregar…
Dia de ver os sinais no chão, de brincar e de ouvir a natureza, o corpo, o coração e o amigo…
Dia de lidar com o imprevisto!
Imprevisto, falta de planejamento ou história para contar?!
O fato é que após 31km caminhando, chegamos em Ventosa, mas não tinha mais vaga no albergue de lá! Para não dormir novamente na rua, seguimos para a próxima cidade, que era Nájera, 10 km após Ventosa, completando 41km neste dia. Quase uma maratona!!!
Mas, chegando no albergue de Nájera, também não haviam mais lugares! Era tarde (18h) e tudo estava lotado! E agora? Naquele dia não tínhamos condições físicas de dar mais dois passos!
Atenciosamente, o dono do albergue telefonou para o dono de um bar que tinha, junto ao estabelecimento, uma quadra de esportes com vestiários. Este homem concordou em nos alojar nas quadras, emprestando ainda alguns colchões.
E nós três não fomos os únicos peregrinos a dormir lá. Ao longo da tarde foram chegando mais pessoas, inclusive um casal de brasileiros de Monte Negro – RS, a Graci e o Éder, que eu já havia encontrado no caminho, uns dois dias antes.
Banho frio, pessoas jogando na quadra até as 22 horas, mas por outro lado, um local protegido e com colchão para dormir! Vida de peregrino que chega tarde nas cidades é assim, cheia de surpresas! Mas se não fossem estas situações, acho que eu não teria tanta história para contar, não é mesmo?!
Chuva fina, reencontros com peregrinos que tínhamos encontrado no primeiro dia na Espanha e vinho espanhol para relaxar antes de dormir, após o longo sétimo dia de caminhada!
Antes de finalizar, quero contar que foi nesse dia que vimos pela primeira vez Jesus e Arunas, um espanhol e um brasileiro que caminhavam juntos e dormiram no mesmo local que nós. Eu só voltei a encontra-los no terço final do Caminho, mas mencionei –os agora porque eles se tornaram grandes “hermanos del camino”!
Mas nesse dia, eu nem imaginava que isso iria acontecer…
Surpresas boas do caminho!
Namaste!
Thais
Um comentário:
Como é bom seguir seu relato. E como as fotos estão boas! Acompanhar sua aventura tá melhor que acompanhar novela da globo :-)
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