“Tenho sido sempre um homem que busca, mas já agora não busco mais nas estrelas e nos livros: começo a ouvir os ensinamentos que meu sangue murmura
( Trecho do livro DEMIAN de Hermann Hesse)
“Tenho sido sempre um homem que busca, mas já agora não busco mais nas estrelas e nos livros: começo a ouvir os ensinamentos que meu sangue murmura
( Trecho do livro DEMIAN de Hermann Hesse)
Mulla Nasrudin estava do lado de fora de sua casa, de quatro no chão, revirando desesperadamente a terra. Um vizinho se aproximou e perguntou se poderia ajudá-lo.
- Que está procurando, Mulla? – perguntou o vizinho.
- Perdi minha chave – respondeu Nasrudin.
O vizinho se pôs de quatro no chão para ajudar Nasrudin e durante bastante tempo eles procuraram a chave perdida. Quando pareceu que a busca era inútil, o vizinho se virou para Nasrudin e disse:
- Pense com cuidado, Mulla. Onde exatamente você perdeu chave? – perguntou.
- Ora, eu a perdi dentro de casa – respondeu Nasrudin.
- Deus do céu! – exclamou o vizinho exasperado. – Então por que está procurando por ela aqui fora?
- Porque a luz é melhor aqui – disse Nasrudin.
AFINIDADE
A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
O mais independente.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida.
É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo sobre o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois
que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples
e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos
fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavra.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com.
Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.
Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar.
Ou quando é falar, jamais explicar, apenas afirmar.
Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.
Só entra em relação rica e saudável com o outro,
quem aceita para poder questionar.
Não sei se sou claro: quem aceita para poder questionar,
não nega ao outro a possibilidade de ser o que é, como é, da maneira que é.
E, aceitando-o, aí sim, pode questionar, até duramente, se for o caso.
Isso é afinidade.
Mas o habitual é vermos alguém questionar porque não aceita
o outro como ele é. Por isso, aliás, questiona.
Questionamento de afins, eis a (in)fluência.
Questionamento de não afins, eis a guerra.
A afinidade não precisa do amor. Pode existir com ou sem ele.
Independente dele. A quilômetros de distância.
Na maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar.
Há afinidade por pessoas a quem apenas vemos passar,
por vizinhos com quem nunca falamos e de quem nada sabemos.
Há afinidade com pessoas de outros continentes a quem nunca vemos,
veremos ou falaremos.
Quem pode afirmar que, durante o sono, fluidos nossos não saem
para buscar sintomas com pessoas distantes,
com amigos a quem não vemos, com amores latentes,
com irmãos do não vivido?
A afinidade é singular, discreta e independente,
porque não precisa do tempo para existir.
Vinte anos sem ver aquela pessoa com quem se estabeleceu
o vínculo da afinidade!
No dia em que a vir de novo, você vai prosseguir a relação
exatamente do ponto em que parou.
Afinidade é a adivinhação de essências não conhecidas
nem pelas pessoas que as tem.
Por prescindir do tempo e ser a ele superior,
a afinidade vence a morte, porque cada um de nós traz afinidades
ancestrais com a experiência da espécie no inconsciente.
Ela se prolonga nas células dos que nascem de nós,
para encontrar sintonias futuras nas quais estaremos presentes.
Sensível é a afinidade.
É exigente, apenas de que as pessoas evoluam parecido.
Que a erosão, amadurecimento ou aperfeiçoamento sejam do mesmo grau,
porque o que define a afinidade é a sua existência também depois.
Aquele ou aquela de quem você foi tão amigo ou amado, e anos depois
encontra com saudade ou alegria, mas percebe que não vai conseguir
restituir o clima afetivo de antes,
é alguém com quem a afinidade foi temporária.
E afinidade real não é temporária. É supratemporal.
Nada mais doloroso que contemplar afinidade morta,
ou a ilusão de que as vivências daquela época eram afinidade.
A pessoa mudou, transformou-se por outros meios.
A vida passou por ela e fez tempestades, chuvas,
plantios de resultado diverso.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças,
é conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas,
quantos das impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação do ponto em que parou,
sem lamentar o tempo da separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas a oportunidade dada (tirada) pela vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais,
a expressão do outro sob a forma ampliada e
refletida do eu individual aprimorado.
Arthur da Távola
Muitas vezes o povo é egocêntrico, ilógico e insensato.
Perdoe-o assim mesmo.
Se você é gentil, o povo pode acusá-la de egoísta, interesseira.
Seja gentil assim mesmo.
Se você é uma vencedora, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros.
Vença assim mesmo.
Se você é honesta e franca, o povo pode enganá-la.
Seja honesta e franca assim mesmo.
O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra.
Construa assim mesmo.
Se você tem paz e é feliz, o povo pode sentir inveja.
Seja feliz assim mesmo.
O bem que você faz hoje, o povo pode esquecê-lo amanhã.
Faça o bem assim mesmo.
Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante.
Dê o melhor de você assim mesmo.
Veja você que, no fim das contas, é entre você e Deus.
Nunca foi entre você e o povo.
Amanhã você lutará contra os maus hábitos melhor do que hoje? Por que adicionar os erros de hoje aos de ontem? Você vai ter que se voltar para Deus alguma hora, então não seria melhor fazê-lo agora? Apenas entregue-se a Ele e diga: "Senhor, sendo mau ou bom, eu sou Seu filho. Você deve cuidar de mim". Se você continuar tentando, fará progressos. "Um santo é um pecador que nunca desistiu".
Paramahansa Yogananda
"Pensas que precisas disto e daquilo para ser feliz. Mas independentemente de quantos desejos sejam satisfeitos, jamais terás felicidade através deles. Quanto mais tiveres, mais haverás de querer. Aprende a viver com simplicidade. O Senhor Krishna disse: "Está plena de satisfação a mente daquele cujos desejos fluem para dentro de si mesmo. Este homem é como um oceano imutável, mantido cheio até as bordas pelos rios constantemente ali desaguando. Aquele que abre furos de desejos no seu reservatório de paz, deixando escapar suas águas, não é um 'muni'."
Paramahansa Yogananda
Paramahansa Yogananda