26 de janeiro de 2014

Caminho de Santiago: sem fotos …

 

Tive calafrios a noite toda e mal consegui dormir. Adormeci quando estava quase amanhecendo e quando acordei todos já tinham deixado o albergue.

Acordei completamente indisposta, com náuseas, dor no estomago, sentindo que minha pressão estava baixa, como se eu fosse desmaiar. Me sentia fraca, zonza, sem energia e estava sozinha. Fui no restaurante do albergue e pedi algo para comer e beber, mas não consegui engolir quase nada,  e vomitei o pouco que bebi.

Sentei em frente a recepção do albergue, com minha mochila pronta para partir, mas sem saber o que fazer. O dono do albergue, não muito simpático,  me disse que eu poderia ficar ali no máximo mais uma hora e depois deveria sair pois eles iriam limpar o albergue para receber os próximos peregrinos. Se ofereceu para chamar um táxi, caso eu quisesse ir até o hospital na próxima cidade.

Pedi  um pouco de sal, quem sabe era minha pressão…

Lembrei que eu tinha azeitonas na mochila e tentei comer pra ver se melhorava. Sem êxito, tudo que entrou, saiu…

O que fazer? Eu não queria ir de táxi para o hospital da próxima cidade, pois seria como “trapacear” parte do Caminho. Fiquei uma hora sentada naquele banco, entanto decidir o que fazer, tentando comer algo e ver se eu melhorava…

O que será que eu tinha afinal?

Quando o tempo acabou, juntei o resto de força que eu tinha e sai pela porta do albergue, orando pra que Deus me ajudasse. Eu pedi forças para caminhar até o próximo albergue e pedi para que caso eu viesse a cair no meio do caminho, que alguém me achasse rápido e me ajudasse. Parece trágico, mas foi real…

Sonhei estar na minha casa, com minha família, com a companhia do Wagner, com a companhia dos outros brasileiros peregrinos…

Pensei que eu era mesmo uma idiota e estava doida de querer viajar sozinha assim. Que perigo! Que perigo! rsrsrs

Embora eu tenha tido todos estes pensamentos de desespero, quando eu parti, uma estranha calma me acompanhava. Uma certeza de que eu não estava sozinha e que estava amparada. E foi assim que sai caminhando por aquela porta…

Já não era tão cedo, e o sol estava começando a ficar mais quente… Caminhei alguns metros bem devagar e por incrível que pareça, avistei uma silhueta conhecida na minha frente! Era o Krasimir, meu amigo peregrino da Bulgária!!!

Que alegria ouvi-lo dizer: “Hi, how are you yoga brazilian crazy girl?”

“Not so well, my good friend, but I´m happy that I found you both!”

Que sorte a minha!!!

Ele estava caminhando na companhia de uma peregrina espanhola e eles dois me acompanharam até o próximo vilarejo, onde paramos num hostel particular. O hostel estava cheio ou era bem caro (não me lembro), mas o hospitaleiro, um alemão muito gentil, me ofereceu um chá estomacal e disse que o que eu sentia tinha sido causado pela ingestão da agua de torneira daquela região. Disse que naquele região a agua tinha muitos metais pesados e que muitas pessoas com sensibilidade estomacal tinham passado mal naquele trecho. Melhorei um pouco com o tal chá, não muito, mas o suficiente para seguir até a próxima cidade, que era uma cidade grande, e com certeza teria vaga no albergue e eu encontraria um médico caso eu não melhorasse.

Fui escoltada pelo Krasimir e a espanhola (não consigo me lembrar o nome dela) até o albergue Municipal de Sahagun, e minha caminhada nesse décimo quarto dia, terminou ali.

Não tirei fotos, nem lembro da paisagem nesse trecho. mas caminhei estes poucos quilômetros entre Los Templários e Sahagun, acompanhada destes dois anjos que o Caminho me deu! Talvez eu devesse ter pego um táxi, eu sei que arrisquei um pouco com a decisão que tive, mas só posso dizer que embora fraca, eu sentia que estava protegida e por isso eu fui.

Como já escrevi, não tirei fotos deles nesse dia, mas fiquei com vontade de colocar uma destes dois anjos para compartilhar com vocês:

kras

Thank you Krasimir and crazy lovely spanish girl =) for helping me in this hard day that I was sick and alone! Thank you both so much!

E o dia não acabou ai, alias, tudo isso foi só metade do meu décimo quarto dia… mas para não cansar você leitor, terminarei de contar sobre este dia no próximo post…

Buen Camino!

Namaste!

Thais

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