Caminho (parte XV): “one thousand stars” hotel!

Bom diaaaaa!!!

Ontem foi um dia especialmente feliz! Quem me conhece mais de perto, sabe que eu ADORO escrever e que andava meio “parada” nesse sentido. Além de escrever, adoro compartilhar aquilo que me faz bem (não é a toa que me tornei professora!), e nesse sentido o blog é um ótimo instrumento!

E faz tempo que tenho este blog, mas nunca ele tinha me dado tantas alegrias como tem me dado ultimamente. É muito gratificante escrever e  receber o retorno de vocês de forma tão carinhosa. Escrevo com  todo meu coração e sinto o carinho de vocês em cada comentário, mensagem e e-mail que recebo. Muuuito obrigada!

Hoje vou contar sobre meu quinto dia de caminhada!

Saímos de manhãzinha de Cirauqui, como sempre sem saber ao certo até onde nossos pés nos levariam naquele dia…

… e nos levou 25 km mais perto de Santiago de Compostela, disfrutando de diferentes paisagens. Já escrevi sobre a variedade de trilhas do caminho mas não me lembro de ter comentado sobre a flora, que também é muito especial. Existem diversas flores do campo, além das flores que enfeitam as casas e cidades. Arvores com frutas como: pera, maçã e blue, acompanham grande parte do caminho dos peregrinos!

Além disso, existem também muitos campos com plantações de girassol, beterraba, milho, azeitona e uva.

Por falar de uva, nesse dia de caminhada, um pouco mais adiante, visitamos uma fonte bem diferente: uma fonte de vinho!!!  

A fonte fica no meio do Caminho e há um recado alertando para beber com moderação, mas ninguém fica ali vigiando. Nunca imaginei ver nada parecido com isso. E o vinho é muito bom! Imagine se esta fonte fosse no Brasil…

Neste dia, o sol estava bem intenso e fizemos várias paradas nas cidades que compõem este trecho do Caminho como: Villatuerta, Estella, Ayegui  e Asqueta, além de parar na fonte de vinho em Irache.

Parei até mesmo para compartilhar meu lanche com uns gatinhos famintos…

Neste dia, caminhamos novamente na companhia da Lívia (Hungria) e do Krasimir (Bulgária), e compartilhamos um pequeno lanche sentados no chão, completamente adaptados a vida de peregrino rs. Mas preciso contar que tinha até nutella nesse lanche!

De qualquer forma, não imaginávamos que naquele dia, a experiência de ser peregrino iria muito além de caminhar e comer sentados na rua…

Como paramos muitas vezes, e andamos num ritmo lento naquele dia, apesar de termos andado só 25km, chegamos muito tarde em Villamayor de Monjardim. Por causa do horário, não tinha mais vaga em nenhum dos albergues ou hotéis de lá.

O problema é que não dava para prosseguir caminhando porque a próxima cidade com albergue ficava há mais de 12km de Villamayor e não tínhamos nem força física para caminhar,  e nem haveria luz solar por tempo suficiente para isso. A opção era ficar lá mesmo e tentar encontrar um canto para passar a noite! E  agora, onde dormiríamos?

A cidade era pequena e não havia muitas opções. Resolvemos jantar enquanto decidíamos onde passar a noite. A ideia foi tentar achar um local de certa forma seguro e protegido para dormir. Durante o jantar, encontramos um casal da Irlanda que estava na mesma situação que nós quatro, e nos juntamos todos em busca deste local “ideal”. E achamos!

Escureceu e seguimos todos juntos. Tiramos todas roupas da mochila para simular um colchão no chão, entramos cada um no seu saco de dormir e dormimos um do lado do outro na frente da igreja da cidade sob um céu lindamente estrelado. Passamos a noite em um “one thousand stars” hotel!

E foi uma experiência bem interessante! Não me senti insegura pois estava na Espanha e estava acompanhada. Tive um pouco de medo de algum bicho, como ratos ou baratas, aparecerem (imagine se fosse na Índia!). Mas a Espanha parecia tão limpa, que essa ideia desapareceu logo da minha mente. Adormeci encantada com a beleza daquele céu estrelado!

Pode parecer estranho, mas apesar de sentir um pouco de frio na madrugada, dormi muito bem e acordei super bem disposta e cheia de energia para caminhar na manhã seguinte! Energia das estrelas somada à uma predisposição interna de ver as situações adversas de forma positivas, com bom humor e aceitação…

Namaste!

Thais