Bom dia! Quarto dia no Caminho, 8 horas e meia de caminhada, 31km percorridos e,…, dia de perdoar!
Saímos do albergue pela manhã e nos despedimos da Ursula e do Tsubasa que iriam ficar mais um dia em Pamplona descansando. Não sabia se voltaríamos a vê-los…
Ainda em Pamplona, encontramos uma peregrina da Hungria, a Lívia, que caminhava sozinha e pediu para nos acompanhar.
Sol forte, calor, subida e descida intensas. Neste dia, subimos o morro que leva ao Alto do Perdão. Para ter uma ideia do caminho, observem a distancia do geradores de energia aeolica no começo das fotos e no final.
Dizem que quem faz o Caminho de Santiago é perdoado de todos os “pecados”, no entanto, me parece que mais difícil que ser perdoado é perdoar os outros e se perdoar. Este trecho do Caminho, parece ser o “momento indicado” para perdoar, momento de deixar as magoas e a raiva irem embora, em relação a si mesmo e aos outros.
Cada pessoa tem uma relação diferente com perdão, e também me parece que tem pessoas e situações que a gente perdoa mais fácil e outras que demoram um pouco mais. Para mim difícil mesmo é o auto-perdão. Mas é um exercício diário. Um exercício de auto-aceitação de quem sou, seguido de auto-perdão,…, e sinto que estou no caminho. No final deste quarto dia, apesar das dores musculares no meu corpo e do peso da minha mochila, eu me senti muito mais leve, mais feliz, mais confiante.
Apesar de estarmos caminhando os 3 juntos, durante algumas horas do dia, cada um caminhava sozinho: meditando, orando, refletindo, ou fazendo silêncio. Quase todo dia tínhamos também um momento de reflexão comum sobre algum assunto que surgia ou baseado num livro muito interessante que o Wagner levou.
Assim como na vida, durante o caminho vivíamos momentos diversos num mesmo dia. A diferença talvez seja a maior abertura e predisposição dos peregrinos tanto para ouvir como para falar, como ainda para fazer silêncio e respeitar o momento do outro.
Neste dia, percebi também que cada parte do Caminho despertava algo diferente em mim. Nas subidas, por exemplo, sentia meu coração bater forte, o sangue circulando pelo meu corpo, me sentia viva fisicamente, cheia de energia, feliz de estar ali, com vontade de compartilhar, de estar ao lado dos meus novos amigos…. Já nas descidas, a atenção e o cuidado para não cair ou torcer o tornozelo me tornavam mais introspectiva, com vontade de meditar, me sentia mais presente em cada passo, mais conectada com fora e dentro, mais atenta e serena também. E, para mim, as caminhadas planas foram o maior desafio. Durante estas, a minha mente ganhava força, tanto positivamente quanto negativamente, e os pensamentos jorravam. Era o momento tanto dos sonhos e dos planos, como das neuroses e do tédio…
Não me lembro se já escrevi isso, mas a distancia do Caminho é calculada de uma igreja a outra. Portanto, o Caminho sempre passa na frente destas e, muitas vezes só na frente mesmo, porque na maior parte do tempo elas estão fechadas. 
Mas toda vez que encontrávamos alguma aberta, parávamos para visitá-la, tirar fotos, agradecer, meditar ou mesmo descansar. Neste dia, visitamos a Iglesia de Santiago em Puente de La Reina, e seguimos sem saber ao certo onde dormiríamos. Mas escreverei sobre isso, amanhã.
Gratidão pela companhia de vocês!
Namaste
Thais
Nenhum comentário:
Postar um comentário