7 de agosto de 2012

Quando Eu…

487925_445950772102095_1372859071_n

Quando eu não te tinha amava a Natureza como um monge calmo a Cristo.
Agora amo a Natureza como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes, mas de outra maneira mais comovida e próxima ...
Vejo melhor os rios quando vou contigo pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor —
Tu não me tiraste a Natureza ...
Tu mudaste a Natureza ...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar, os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.

Alberto Caeiro

Nenhum comentário: