9 de junho de 2009

SER DISCÍPULO

Quando o grande místico sufi Hasan estava morrendo, alguém lhe perguntou: - “Hasan, quem foi seu Mestre?”

Ele respondeu: - “Tive milhares deles. Se apenas enumerasse seus nomes, levaria meses, anos, e agora é tarde demais. Mas certamente lhe contarei sobre três Mestres”. Um deles foi um ladrão.

Uma vez me perdi no deserto,e quando cheguei a uma aldeia já era muito tarde, tudo estava fechado. Mas finalmente encontrei um homem, que tentava fazer um buraco na parede de uma casa. Perguntei-lhe onde poderia ficar, e ele respondeu:

- “A esta hora da noite será difícil, mas pode ficar comigo se for capaz de ficar com um ladrão!”

E o homem era tão harmonioso - fiquei por um mês! E toda noite ele dizia: - "Estou indo agora a meu trabalho. Vá descansar e rezar”.

E quando ele voltava, eu lhe perguntava: - “Conseguiu algo?, e ele respondia: Esta noite não. Mas amanhã tentarei novamente, e se Deus quiser...”

Ele nunca se desesperava, e estava sempre feliz. Quando eu meditava e meditava por anos a fio, e nada me

acontecia, muitas vezes havia momentos em que ficava tão desesperado, tão sem esperanças, que pensava em parar com toda aquela bobagem. E de repente me lembrava do ladrão que toda noite dizia: “Se Deus quiser, amanhã vai acontecer”.

E meu segundo Mestre foi um cachorro. Eu me dirigia a um rio, sedento, e um cachorro apareceu, também com sede.

Olhou para o rio, vendo lá outro cachorro - sua própria imagem - e ficou com medo. Ele latia e se afastava correndo, mas sua sede era tamanha que acabava voltando. Finalmente, apesar do medo, simplesmente pulou na água, e a imagem desapareceu.

E eu sabia que aquela era uma mensagem de Deus para mim: “Devemos dar o salto, apesar de nossos receios”.



E o terceiro Mestre foi uma pequena criança. Cheguei numa cidade, e uma criança estava carregando uma vela acesa.

Ela se dirigia à mesquita, para lá depositar a vela. Apenas por brincadeira, perguntei ao menino: -Você mesmo acendeu a vela?

Ele respondeu: -Sim, senhor.

E continuei. Houve um momento em que a vela esteve apagada, depois houve outro em que ela se acendeu.

- Você pode me mostrar a fonte da qual a luz veio?

E o menino riu, assoprou a vela, e disse: -Agora você viu a luz se indo. Para onde ela foi? Diga-me!

Meu ego e todo o meu conhecimento ficaram despedaçados. E naquele momento senti minha própria

estupidez. Desde então abandonei toda a minha erudição.

É verdade que não tive Mestre. Mas isso não significa que não fui discípulo - aceitei toda a existência como minha Mestra.

Meu discipulado foi um envolvimento maior que o seu. Confiei nas nuvens, nas árvores...na existência como tal.

Não tive Mestre porque tive milhares deles - aprendi de todas as fontes possíveis. Ser discípulo é uma necessidade absoluta no caminho. O que significa ser discípulo? Significa ser capaz de aprender, estar disposto a aprender, ser vulnerável à existência.

Com um Mestre você começa aprendendo a aprender... e muito lentamente você entra em sintonia e percebe que, da

mesma maneira, pode entrar em sintonia com toda a existência.

O Mestre é uma piscina onde você pode aprender a nadar. E quando aprende, todos os oceanos são seus!

Autor desconhecido

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