2 de junho de 2014

Caminho de Santiago: seguir ou ficar??? até onde ir???

Boa noite!!!

Acordei na manhã do vigésimo segundo dia, orei e pedi uma luz para enxergar o que fazer, mas eu não estava vendo direito… Me lembrei  (ao relembrar desse dia) de uma história do Nasrudin que vou compartilhar com vocês:

Mulla Nasrudin estava do lado de fora de sua casa, de quatro no chão, revirando desesperadamente a terra. Um vizinho se aproximou e perguntou se poderia ajudá-lo. - Que está procurando, Mulla? – perguntou o vizinho. - Perdi minha chave – respondeu Nasrudin. O vizinho se pôs de quatro no chão para ajudar Nasrudin e durante bastante tempo eles procuraram a chave perdida. Quando pareceu que a busca era inútil, o vizinho se virou para Nasrudin e disse: - Pense com cuidado, Mulla. Onde exatamente você perdeu chave? – perguntou. - Ora, eu a perdi dentro de casa – respondeu Nasrudin.- Deus do céu! – exclamou o vizinho exasperado. – Então por que está procurando por ela aqui fora? - Porque a luz é melhor aqui – disse Nasrudin.

A distância entre saber o que tem que fazer e faze-lo é um passo, mas nem sempre somos capazes de dar o passo inicial sozinhos. Daí a vida vem e nos dá aquela empurrão necessário…

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Segui com o grupo. Estava feliz por estar com eles, mas, para mim, foi um dia bem difícil de caminhada.

Eu tinha dor, o dia estava muito quente, e o caminho mesmo sendo bonito, nesse dia parecia feio, porque eu não estava em sintonia nem comigo nem com o ritmo dos meus irmãos de Caminho.

Era evidente que eu estava me forçando aa caminhar para estar com eles… O motivo era nobre, mas a causa não era justa!

Mas as vezes temos de sorrir e seguir… é assim na vida, foi assim no caminho…

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E segui. E sorri. E a dor estava lá.

E talvez sempre haja alguma dor. Somos humanos. Somos vulneráveis, mas também somos fortes, determinados e as vezes teimosos!!!

Mas a dor é um sinal! Um sinal de que algo precisa ser mudado, algo precisa ser feito…

E, um pouco antes de chegar a VillaFranca del Bierzo, ou seja, por volta dos 20Km a canelite começou a doer pra valer e não deu mais trégua. Descobri que 20km era a distancia que meu corpo estava tolerando caminhar por dia e eu precisava respeitar isso. Completei os 23Km até VillaFranca quase chorando.

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Sentamos todos numa lanchonete para comer e descansar um pouco, antes de seguir até Pereje, 4,5km pra frente de VillaFranca, mas pra mim a caminhada precisava terminar ali, naquele lugar, por mais que eu quisesse seguir…

E chorei. Chorei escondida, chorei de dor…

Mas, o albergue municipal estava cheio e meus amigos queriam prosseguir pra Pereje! O que fazer???

Foi quando Gustavo (Recife) e Marta (Espanha) chegaram para me salvar!!! rsrsrs Meu anjos naquele dia!!!

Eles tinham um albergue reservado em VillaFranca e vendo meu estado, Gustavo sugeriu que eu ficasse com eles. Ligaram pro albergue e tinha ainda uma vaga!!! Era pra mim!!! Smiley piscando

O grupo prosseguiu pelo caminho e eu fui com Gustavo e Marta para meu merecido descanso no albergue! Um albergue particular, bem limpinho e que tinha uma rocha no meio da sala de recepção!

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Após o banho, já com menos dor, saí para conhecer a cidade e almoçar/jantar com o Gustavo. Já tinha encontrado o Gustavo no Caminho porque ele caminhou anteriormente com Mauricio e David, e também com Jesus e Arunas, mas não tínhamos caminhado juntos ainda e nem tinha tido a oportunidade de conversar com ele.

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Villafranca del Bierzo é uma cidade bonitinha, mas na verdade naquele dia, além de tomar banho e comer, tudo que eu queria era descansar e agradecer.

Hoje, fico pensando como o ser humano é complexo. No início eu não queria caminhar com ninguém, estava sofrendo só em pensar de caminhar acompanhada hahaha. E depois eu não conseguia mais me separar do grupo, estava morrendo de dor por caminhar num ritmo que não era o meu, e mesmo assim fiquei insistindo em faze-lo, até que a dor ficou insuportável e que o destino me deu um empurrãozinho colocando Gustavo e marta no meu caminho…

Acho que estamos sempre errando e aprendendo, mas aprender com os erros e não repeti-los é o que eu esperava! Será que conseguiria?

Essa parte da história fica para um próximo post…

Buen Camino!

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