Bom dia!
Depois de muito tempo sem escrever sobre o Caminho, aqui estou eu novamente, pra compartilhar minha caminhada com vocês!!! Feliz de estar de volta!!! Vamos caminhar?!?
Bom, no meu décimo segundo dia de caminhada, resolvi repetir a aventura da manhã anterior e, mais uma vez, sair para caminhar cedinho com o Mauricio e o David.
Saímos as 6h da manhã, caminhando sob um céu prateado de estrelas…lindo de viver!
Nestes dias estava amanhecendo em algum horário entre 7h30 e 8h da manhã e anoitecendo entre 21h e 21h30.
Caminho plano ou “plenitude”(segundo o David, rs) e paisagens incrivelmente belas…
Depois de algumas horas de caminhada, paramos para tomar café em Fromista…
E seguimos…
E as lavandas surgiram para perfumar a nossa manhã…
Depois de 3 horas caminhando, não foi possível acompanhar mais o ritmo dos meus amigos paranaenses, então decidi avisa-los que eu seguiria sozinha e os encontraria mais adiante…
E o caminho seguiu beirando a estrada… e atravessando cidades…
Naquela manha, tinha feito muito frio e para acompanha-los eu caminhei mais rápido do que eu estava habituada e acabei forçando minhas articulações, principalmente atrás do joelho esquerdo. E a dor foi piorando conforme eu caminhava e cheguei a pensar que aquela dor pudesse ser algo grave que me impedisse de terminar o caminho. Pensei naquele dia que não chegaria até Compostela andando…
Por volta de um hora após eu ter me “despedido” deles, a dor estava tão intensa que eu caminhei mancando e não via a hora de chegar na próxima cidade para descansar. Parei algumas vezes para alongar, mas a dor permanecia lá. Além disso, o caminho estava monótono, seguindo do lado da estrada, o que não colaborava para que eu me distraísse, e eu estava sozinha, sem ninguém para conversar.
E, foi nesse momento de muito desanimo e dor, que surgiu um carro, saindo do meio do campo e parou um pouco antes do Caminho cruzar com a estrada, me dando passagem. Desceu do carro, um senhor usando uma boina, com um saco de balas e me ofereceu uma bala. Agradeci e respondi que não queria, mas ele insistiu e peguei uma bala. Daí, ele me contou que durante muitos anos tinha sido hospitaleiro em alguns albergues do caminho e me ofereceu o carimbo dele para colocar na minha credencial. Eu (desconfiada como todo brasileiro) repeti que não precisava, mas ele insistiu e aceitei. O tal senhor perguntou meu nome, carimbou minha credencial e escreveu:
“Ama a Deus e ao próximo, e tudo lhe será dado.”
Me entregou a credencial, me deu um abraço, me disse para sempre sorrir porque eu era “linda como o céu” e me ofereceu mais balas. Agradeci e me despedi dele.
o fato foi que ao voltar a caminhar, percebi que a dor atrás do meu joelho, assim como o cansaço e as outras dores, haviam sumido completamente.
Dei, alguns passos e vi que um peregrino se aproximava ao longe e resolvi espera-lo. Voltei alguns passos e pedi para que ele tirasse uma foto minha com aquele anjo que após ter cruzado meu caminho, fez com que a minha dor sumisse. O nome do meu amigo anjo era Pepe, e a prova que ele era real é esta foto (se não tivesse foto eu ainda me perguntaria se ele existia mesmo ou não!).
Não sei como, mas aconteceu! Se foi o abraço, a bala, o descanso, o carinho, se foi Deus …, o fato é que caminhei o restante do dia sem dor alguma e esta dor atrás do joelho não apareceu mais até o final do caminho!
Aliás, caminhei tanto e com tanta disposição que até passei pela cidade onde ficaram meus amigos do Paraná, seguindo até Carrion de los Condes, completando 36km de caminhada naquele dia!!!!
E próximo a Carrion, encontrei outros dois brasileiros, um de BH e outro do Rio, Hildeberto e Elias, e caminhei com eles até chegar no albergue de Carrion.
… e o albergue de Carrion de los Condes foi o melhor albergue de todos que fiquei. Mas vou contar sobre ele no próximo post!
Hoje foi o dia de contar do meu amigo anjo Pepe…
Buen camino!!!
Namaste
Tha
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