22 de abril de 2012

CURSO DE FORMAÇÃO E AUTOCONHECIMENTO EM YOGA (Módulo I)

Este fim de semana, participei do primeiro módulo do curso de Formação e Autoconhecimento em Yoga promovido pelo meu amigo Glauco Tavares. Algumas pessoas não tão próximas ao universo do yoga podem se perguntar o porquê de eu querer outro curso de formação em yoga?! Ainda mais depois de eu ter feito um doutorado sobre o tema...
Explico. Desde que entrei em contato o yoga percebi que nunca mais deixaria de estudar e aprender (risos) =)
O universo do yoga é imenso e exige um mergulho muito grande em nós mesmos e, em tal conhecimento, para que possamos começar a assimilá-lo. Além disso, cada professor que conheço desperta em mim algum aspecto que ainda precisa ser lapidado ou aprimorado. Conheci o Glauco num retiro em 2009, e o que mais me chamou atenção nele foi a autenticidade com que ele fala de si e do yoga. Desde esta época, tenho vontade de fazer um curso com ele e agora finalmente o universo conspirou e contribuiu para que tal anseio se realizasse.
Afinal, tudo tem o momento certo para acontecer...
Este curso é composto por 21 módulos (1 final de semana por mês), ou seja, são quase dois anos de curso. Já participei de outros cursos de formação antes, tanto extensivos como intensivos, e embora o “conteúdo” seja o mesmo, isto é, o yoga, a forma como cada professor trata do assunto é bem particular. Pra mim, é muito especial a oportunidade de fazer este curso agora, ou seja, num momento de mudança de cidade, de emprego, transição profissional, de busca de respostas...
Bom, devido a tudo isso e à outros fatores, resolvi escrever no blog pra compartilhar com meus amigos, um pouco do conteúdo vivido neste fim de semana e algumas reflexões feitas sobre tudo isso. Lembrando que o nome do meu blog é ThaisYoga, nada do que está escrito aqui busca ser uma verdade absoluta. Meu texto refere-se simplesmente ao caminho da Thais no Yoga. Simples assim... Caminho que tenho o prazer de compartilhar, sem pretensão de ter razão, mas apenas com intenção de dividi-lo com vocês.
Eu adoro escrever e tenho feito muito pouco isso desde que acabei o doutorado e quando faço, tenho guardado os textos só para mim. Hoje resolvi mudar isso. E começo então compartilhando este primeiro texto.
Talvez eu seja repetitiva. Talvez outras pessoas já tenham escrito sobre isso, talvez daqui um tepo eu pense diferente, talvez eu tenha entendido tudo diferente do que realmente foi dito no curso. Para mim, tudo  é novo o tempo todo, sempre se modifica. E compartilho o meu caminho. Cada vez que eu penso uma coisa, é uma nova Thais que pensa; uma Thais munida de outras experiências.
Mas, chega de explicações e lá vai o texto! Carpe diem!!!
 
Namaste à todos! Em outras palavras, namaste significa: o divino ou o Deus que habita em mim, saúda o divino ou o Deus que habita em você! E o que vem a ser esse Deus??? Quando falo em Deus, estou falando de religião???
Antes de responder isso, vou listar algumas das perguntas que o Glauco Tavares nos colocou no curso durante o final de semana:
  • “Qual é o objetivo de um professor de yoga ao dar aula?” Se yoga é um caminho de autoconhecimento e portanto de conexão com nossa essência, e se tal essência é divina, ao nos conectar com tal essência estamos buscando o que?
  • “Qual a diferença entre espiritualidade e religiosidade?”
  • “Yamas e Nyamas são um código de moral ou de ética?”
  • “Qual a diferença entre moral e ética?”
Percebo a riqueza destes questionamentos e acredito que estes pontos são cruciais para entender yoga e entender nosso papel, seja como alunos ou como professores de yoga. Não sei se vou conseguir responder todas estas questões neste breve texxto, mas vou “brincar” com elas, com a intenção de criar a oportunidade de refletirmos.
Para que eu pratico yoga??? Ou melhor, o que é yoga?
Já que muitas vezes o yoga é identificado como asana, ou seja, postura, um ponto importante discutido neste final de semana foi a diferença entre pose, posição e postura de yoga. Quando pratico um asana, ou seja, uma postura de yoga o que garante que ele seja mesmo uma postura, um acento estável e confortável que possibilite a manifestação e a consciência da minha essência? Segundo o Glauco, pose é algo direcionado para fora: você faz pose para foto, faz pose para o outro e não tem nada a ver com yoga. Posição tem a ver com esporte: posição de largada e você não vê a hora de sair dela! (risos). Já a postura, te permite a conexão com todo teu ser. Permite a observação da dimensão física, metal, emocional, energética e espiritual que compõem nosso ser. E aí, oq eu vc pratica????
Outro ponto discutido pelo Glauco, que eu também havia levantado na elaboração da tese de doutorado foi sobre as diversas “facetas” do yoga. O yoga se apresenta para nós inicialmente em duas esferas, como:
· Método: Neste caso refere-se ao Ashtanga Yoga de Patanjali e seus oito passos: yamas, nyamas, asanas, pranaymas, pratyahara, dharana, dhyana e samadhi; Um método para atingir algo.
· Estado: neste caso, refere-se ao estado de aquietamento mental; de consciência da nossa essência divina, da obtenção do estado de samadhi.
Mas e daí? Quando eu pratico este método e atingo este estado, o que eu faço com isso? É neste ponto que o yoga deixa de ser apenas um método ou um estado e passa a ser uma filosofia de vida. Na tese, discuti exatamente isto, o yoga enquanto um caminho, enquanto um caminho sagrado!
Mas voltando a pensar no yoga como método, além dos asanas, isto é, das posturas, Patanjali descreveu ainda outros 7 passos e dentre eles, os yamas e nyamas: ahimsa (não-violência), satya (não mentir), asteya (não-roubar), brahmacharya (controle da energia sexual), aparigraha (desapego), saucha (limpeza), samtosha Contentamento), tapas (disciplina), svadhyaia (autoestudo), Isvarapranidhana (entrega à Deus). Estes 10 itens configuram os código de ética do yoga, mas o que é ética??? Qual a diferença entre moral e ética?
Segundo o Professor Romão, que proferiu a palestra sobre ética no sábado à tarde, a palavra moral vem de MORES que significa regra, ordem, norma ou costume. É algo que “vem de fora”, culturalmente instituído, como uma lei, por exemplo, que regula nossas ações. A moral tem a ver com certo X errado e ignora as diferenças, a individualidade, o contexto...
Já a palavra ética vem de ETHOS que significa morada, habitat, abrigo, e assume ainda o significado de natureza, proteção, índole, caráter... Ética tem a ver com “bem comum”, como àquela ação que busca o bem de todos, baseada numa consciência planetária. A ética relaciona-se com a sabedoria ou a ignorância e abre espaço para a singularidade, para o contexto, e é algo que “vem de dentro”! Assim, é necessário uma expansão da consciência (o aquietamento do turbilhão metal) e assim, autonomia para que possamos agir com ética.
Isso posto, pergunta-se: yamas e nyamas referem-se á ética ou à moral? Depende. Se aparece como algo de fora, é apenas moral, mas, se ao tomar conhecimento da existência dos yamas e nyamas, eles passam a fazer sentido para nós, isto é, “vem de dentro”, e referem-se a ações onde todos ganham, visando um bem maior, então é ética.
Retomando uma das questões iniciais, se yoga é um caminho de autoconhecimento e portanto de conexão com nossa essência, e se tal essência é divina, ao nos conectar com tal essência estamos buscando o que? Estamos buscando Deus!
Ah, e Deus não está fora, não é uma entidade separada e inatingível. É o encontro, a comunhão com o que há de melhor em nós, como nossa essência!
A outra pergunta era: Quando falo em Deus, estou falando de religião??? Não necessariamente. É possível que algumas pessoas encontrem Deus na religiosidade, mas estou me referindo a espiritualidade. E qual a diferença entre religião e espiritualidade? Religião, assim como a moral, na maior parte das vezes “vem de fora”. Acredito que seja possível sim através da religião atingir Deus, esta essência divina em nós, mas para isto, os ensinamentos religiosos precisam deixar de ser ensinamentos morais e tornarem-se éticos. Precisam fazer sentido, precisam “vir de dentro” e gerar ações que buscam o bem comum, mesmo que as vezes seja preciso “abrir mão” de algo para que todos possam ganhar. É o caminho do amor!
E daí, voltamos a uma questão crucial na formação de um professor de yoga: “Qual é o objetivo de um professor de yoga ao dar aula?” Ajudar o aluno a encontrar Deus. É oferecer um método (yoga) que ajude o aluno a chegar a um estado (de yoga) que possa transformar seu dia a dia (yoga como filosofia de vida).
A discussão não se encerra aqui, mas espero que com este pequeno texto possamos refletir sobre estas questões com frequência e observar se no dia a dia nos aproximamos ou nos distanciamos desse caminho...
Ah, e de forma alguma tenho a pretensão de dizer que o yoga é o único caminho para o autoconhecimento. É apenas um deles.
Acho que por hoje é isso!
Namaste!
Thais Teerna






























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